Esta iniciativa partiu da ideia de que a Dieta Mediterrânica (DM), para além de ser fundamental para uma alimentação saudável, tradicionalmente enraizada na sociedade rural, mas esquecida em virtude das várias alterações por que tem passado a organização da nossa vida quotidiana, tem vindo a mostrar a sua importância na manutenção de uma agricultura sustentável, na valorização da produção local e dos produtores que lhe estão na base e, ainda, o seu contributo para uma alimentação mais acessível e com menos desperdício.
É neste sentido e a partir da experiência desenvolvida pela Região do Algarve, na sequência do Reconhecimento da DM como Património Mundial da Humanidade, que temos vindo a participar e coorganizar com a Universidade do Algarve e o Centro de Competências da Dieta Mediterrânica diversos eventos destinados a refletir sobre a temática da DM e a necessidade do seu reforço a nível nacional, de modo a concretizar o objetivo de contribuir para o aumento da adesão dos cidadãos a esta importante dieta, preservando e divulgando os seus valores, cultura e património. Assim e na tentativa de definir uma estratégia para a valorização e salvaguarda da DM na Região Centro, realizámos, no passado dia 1 de março, uma reunião com as várias Instituições e Entidades da Região com competências e interesse nesta matéria.
Foram convidadas a participar nesta reunião, para além da DRAPC, entidades como a Comissão de Coordenação da Região Centro a Administração Regional de Saúde do Centro a Direção Regional de Cultura do Centro, a Direção de Estabelecimentos de Ensino do Centro, o Turismo Centro de Portugal, Associações de Desenvolvimento Local da Região, a Associação de Pesca Artesanal do Centro a Escola Superior de Hotelaria de Coimbra, as Instituições de Ensino Superior da Região pertencentes à Rede das Instituições de Ensino Superior para a Salvaguarda da Dieta Mediterrânica, as Comunidades Intermunicipais da área de intervenção da DRAPC e algumas Autarquias que vinham já a colaborar nos diversos eventos.
Pretendeu-se, assim, na sequência de anteriores eventos, com a presença destas mesmas Entidades, sensibilizar para a importância da DM e refletir sobre a sua valorização e adequação à realidade da Região Centro, iniciando um debate que levará à elaboração de um Plano de Ação para a Salvaguarda e Valorização da DM na Região Centro.
Este trabalho conjunto surge, também, na sequência do Projeto “Salvaguarda da Dieta Mediterrânica para a promoção de um estilo de vida saudável e modelo de sociedade sustentável”, financiado pelo PDR 2020 e que teve igualmente a colaboração da “Rede das Instituições de Ensino Superior para a Salvaguarda da Dieta Mediterrânica” e da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, entidades com cujo importante apoio e colaboração continuamos a contar.
Nesta reunião foi apresentada e discutida uma proposta de Plano de Ação, constituído um Grupo Coordenador e definido um cronograma para orientação das próximas etapas. Foi, ainda, pedido às várias entidades que indicassem os seus representantes e os Grupos Temáticos (Agricultura e Sistemas Alimentares, Saúde, Território e Património Cultural e Turismo) que pretendiam integrar. Este convite, para além das entidades presentes na reunião foi, posteriormente, alargado a outros agentes da região. A este repto responderam uma diversidade de entidades que, juntamente com as já referidas, são oriundas de áreas como a agricultura, laboratórios colaborativos, cultura, turismo, associações de aldeias, autarquias e investigação e ensino superior.
A DRAPC considera esta iniciativa de enorme importância para a salvaguarda e desenvolvimento da DM na Região e manifesta o seu interesse e disponibilidade para participar neste esforço conjunto: iniciar e dar continuidade a um processo que ajude a revitalizar um modelo alimentar que contribua para aumentar o consumo de produtos locais e privilegie a agricultura familiar e, assim, promova uma alimentação saudável e sustentável, como foi referido. Trata-se de repensar e promover um modelo alimentar que possa contribuir para a redução das desigualdades e do desperdício alimentar, no sentido da preservação do ambiente e dos recursos ainda disponíveis para as gerações vindouras.
Parafraseando Jefe Seattle, na Declaração de Manila da Conferencia Internacional sobre “Industrias Extractivas y Pueblos Indígenas”, em 2009 – Trata bien a la tierra, no te la han dejado tus padres, te la han prestado tus hijos. No heredamos la Tierra de nuestros ancestros, nos la prestan nuestros hijos.
Fonte: Representante da DRAPC no CCDM