Em plena semana de São Martinho é tradição bem portuguesa a realização dos magustos, onde se acendem fogueiras e se assam castanhas. A castanha mais consumida a nível nacional é a castanha europeia, existindo várias áreas geográficas onde a sua produção é de elevada qualidade, como a região de Serra da Padrela, Marvão-Portalegre, Trancoso e a Terra Fria Transmontana.
O castanheiro (Castanea sativa Mill.) teve a sua origem na região leste do Mediterrâneo há mais de 90 milhões de anos, espalhando-se depois por todo o continente. Devido ao seu valor energético e interesse nutricional, a castanha é, provavelmente, um dos mais antigos alimentos consumidos pelos habitantes da área geográfica que hoje se designa por Europa.
Desconhecidas para a maioria dos consumidores e também para muitos profissionais de saúde, as castanhas são um verdadeiro tesouro do ponto de vista nutricional.
A castanha é constituída maioritariamente por hidratos de carbono, dos quais se destacam quantidades apreciáveis de amiloses e amilopectinas. Estes polissacarídeos permitem o desenvolvimento da flora intestinal e a produção de ácidos gordos de cadeia curta. Para além disso, as substâncias indigeríveis (fibra) estimulam a presença de bactérias probióticas (Bifidobacterium e Lactobacillus) benéficas no intestino, contribuindo também para a regulação dos níveis de colesterol e da resposta de insulina. Quando comparada com frutos secos, a castanha apresenta menor teor calórico, uma vez que é pobre em gordura (e a gordura que contém é essencialmente polinsaturada) e não contém colesterol.
Mas o seu interesse não se reduz a estes aspetos funcionais. É uma fonte de nutrientes, nomeadamente vitaminas, minerais e compostos químicos protetores das células. Das vitaminas presentes na castanha é de realçar a vitamina C, vitamina B6 e ácido fólico. Quanto aos minerais, a castanha fornece cálcio, ferro, magnésio, potássio, fósforo, zinco, cobre, manganésio e selénio. Possui ainda diferentes fitoquímicos, nomeadamente, luteína e zeaxantina, e diversos compostos fenólicos que são importantes antioxidantes e protetores celulares.
Dez castanhas assadas (84g) fornecem apenas 2g de gordura, mas 17% da quantidade de fibra necessária diariamente e estão isentas de glúten, podendo substituir os cereais com glúten, fornecendo energia de qualidade para os doentes celíacos, por exemplo. Fornecem ainda 36% das quantidades necessárias de vitamina C, 21% de vitamina B6 e 15% de ácido fólico.
A castanha representa bem a ligação do homem com a tecnologia, pois para que os nutrientes da castanha ficassem mais acessíveis, com melhor sabor e digestibilidade, sempre foi necessário aquecê-la, cozendo ou assando, por exemplo.
É um alimento muito versátil, em termos de confeção, podendo comer-se cozida com erva doce, assada, como acompanhamento de pratos, substituindo o arroz, a massa ou a batata, na base de sopas ou na confeção de apetitosas sobremesas e bolos.
Com tantos atributos, em particular nesta época do ano, não deixe de acrescentar a castanha nas suas refeições!
Credito da fotografia, Arquivo fotográfico do Municipio de Tavira
Fonte: Nutrimento