Este alimento é frequente como aperitivo nos países mediterrânicos e na América Latina. Em Portugal, o nome deriva do árabe al-turmus revelando a longa tradição do seu consumo entre nós, ao contrário de muitos outros países ocidentais onde é um ilustre desconhecido à mesa. O tremoço é a semente contida na vagem do fruto de uma planta muito bonita, chamada “tremoceiro” do gênero Lupinus, cujas flores apresentam corola papilionácea, podendo ser azuis, róseas, roxas, brancas, amarelas (a que origina o nosso conhecido tremoço), vermelhas ou ter mesmo várias cores. A floração ocorre na primavera e verão.
O tremoço, à semelhança de outras leguminosas, como o grão, o feijão, a lentilha, a fava ou a ervilha apresenta diversas propriedades nutricionais muito interessantes para a saúde. Contudo, o tremoço em natureza apresenta um aminoácido e alcaloides neurotóxicos. Estes são eliminados depois de cozidos e cobertos com água que deve ser mudada com frequência durante vários dias até perderem o seu amargo original, com a eliminação dos alcalóides. A partir desse momento tornam-se no excelente alimento que todos apreciamos.
A maioria destas plantas da família das fabáceas, tem a propriedade de fixar azoto nos solos sendo utilizadas como fertilizante natural em zonas agrícolas, permitindo reduzir a utilização de adubos, o que a torna duplamente útil como fornecedora de alimento proteico e protetora do ambiente.
O tremoço é um alimento com um reduzido valor energético (cerca de 70kcal num pires de 60g) o que o faz dele um aperitivo muito interessante face a outros do género. Na sua composição, encontramos cerca de 16g de proteínas por 100g, com uma boa qualidade e digestibilidade, e 5% de fibra. Caracteriza-se por ser pobre em gordura (cerca de 2% da sua composição) sendo esta, maioritariamente, mono e polinsaturada. Contêm ainda vitaminas, destacando-se o folato em quantidades substanciais, e sais minerais, como o cálcio, o potássio, o manganésio, o ferro e o zinco.
A elevada presença de proteína, qualidade da fibra e o reduzido valor energético, fazem do tremoço um alimento muito interessante como saciante e na redução do apetite. O tremoço pode ser utilizado como substituto de proteína animal e em particular nas dietas vegetarianas, sendo isento de glúten. O tremoço é uma das principais fontes vegetais de proteína existentes (e menos irritante para o estômago quando comparado com a soja, por exemplo) e nesta condição tem sido injustamente esquecido. Segundo alguns trabalhos, a elevada presença de fibra permite ao tremoço ter um papel ativo na regulação do colesterol e glicemia e ainda na regulação e proteção da flora intestinal, também devido à elevada presença de fitoquímicos contidos nestas sementes. Para alguns, o tremoço pode ser mesmo considerado um alimento funcional.
O inconveniente do tremoço é elevada quantidade de sal proveniente da salmoura em que são conservados tantas vezes, chegando uma porção de 60g a atingir um quinto da dose máxima diária recomendada de sal que são 5g. Uma solução caseira é passar os tremoços por água corrente ou demolhá-los antes do seu consumo e quando os comprar embalados ler os rótulos e comprar os com menores teores de sal.
Em suma, o tremoço é um alimento pouco calórico, altamente saciante e com diversos benefícios na saúde, em particular se se conseguir reduzir o teor de sal na sua elaboração.
Fonte: Nutirmento